Bala de coco
Queria que minha vida tivesse sabor de bala de vó,
aquelas em que o açúcar desce pela garganta derretendo qualquer nó.
Sonhei com a minha preciosa ontem a noite,
ela quem me apresentou o cheiro da Dama da noite.
Vó Dina é especialista em receitas açucaradas,
no entanto, sua vida foi amarga.
Ainda sim ela me acolheu apesar do seu escudo,
doou-se transformando o amargo da vida em textura de veludo.
Hoje eu sentei e me deliciei com um desses doces sabores,
eles me lembram dos meus primeiros amores.
Me lembra a aroeira, o sabiá e aquele morro íngrime,
o qual eu subia e descia sem pensar no desgaste.
Ser criança é não ter medo do amanhã, porque não nos preocupamos com ele,
a gente procurava a água apenas quando tinha sede.
Brincar, correr e não pensar nas cicatrizes,
viver sem padrões ou diretrizes.
Apesar do relógio hoje me demandar tarefas,
eu não esqueço nunca da Catarina sapeca.
Ela vem na minha mente e mora no meu coração,
que presente esses docinhos da vida, me acalmando com suas memórias como uma oração.