O PREÇO DA PAZ
Vivemos numa era
De uma paz racionada
Por aqueles que querem decidir
O futuro do mundo.
O poder nas mãos de uns poucos
Descaracterizou toda convivência pacifica
Entre seres da mesma espécie,
Morrendo muitas vidas a cada dia
Nas áreas marcadas por conflitos e temores.
Um novo dia surge
Em cor rubra,
Um dia já manchado
Pelo sangue de muitos mártires.
O amanhecer foi tingido
Por rastros de muitas incertezas,
Ao som das explosões
De profundas hostilidades, intolerâncias e possessões.
Já dizia Pablo Neruda que só um louco
Pode desejar guerras.
Pois a guerra destrói a própria lógica
Da existência humana.
E ainda que se fale o tempo todo em paz,
Como ainda pouco tem sido feito
Para conter a desolação das guerras?
Todo mundo sabe
Das consequências das grandes guerras mundiais...
Mas quantos estão dispostos
A viver em clima de armistícios
Para que a vida comum se torne
Um pouco mais suportável
E as hostilidades não encham
As manchetes dos jornais?
Hoje a paz tem o seu valor
E até parece ser mais valioso
Do que o petróleo
Ou os demais recursos
Para o abastecimento da economia.
Vivemos na era de uma humanidade
Sem humanidade
Que só dissemina a paz
Para quem não reconhece a paz
No seio de outros povos.
Enquanto isso, os que vivem
Nas zonas de tensão
Consomem pequenas doses de sonhos
Para que a vida
Permaneça brilhando como ouro
E a esperança continue
Para além do medo e da morte.