ROZILHO OVEIRO

VENHO DOS IDOS TEMPOS

QUE SE MONTAVA BONS PINGOS

SÓ SE ACHEGAVA AO POVOADO

NAS TARDES DE DOMINGOS

PASSAVA A SEMANA INTEIRA

NA LABUTA DAS ESTANCIAS

ISTO FOI SEMPRE MINHA VIDA

DESDE OS TEMPOS DA INFÂNCIA

ARROCINEI UM ROSILHO OVEIRO

BEM DA COR DA ALVORADA

ROSADO COMO AS MANHAS

E O PONCHO DAS MADRUGADAS

PARECIA DESTAS FIGURAS DE LIVRO

QUE ILUSTRAVA A PAGINA INTEIRA

SE DESTACAVA ALTANEIRO

ENTRE OS DEMAIS DA MANGUEIRA

PREPAREI UMA ARMADA CURTA

E MANDEI UM TIRO CERTEIRO

NO GARGALO DO PESCOÇO

BOLHEI O PINGAÇO OVEIRO

ROMPEU O INSTINTO ANIMAL

AO SE SENTIR PRESO NO LAÇO

ALÇOU O PEITO AVANÇOU

DE COICE E MANOTAÇO

PASSEI UMA VOLTA DE CORDA

NO PALANQUE DA MANGUEIRA

COMO REZA O CATECISMO

DA XUCRA LIDA CAMPEIRA

COM MUITO JEITO E PERICIA

AMARREI UM PANO NA CARA

ARRASTEI AS MINHA GARRAS

SENTEI NO LOMBO DA FERA

JÁ NO BASTO E ESTRIBADO

NO GRITO MANDEI LARGAR

E JÁ SENTI O MUNDO VIRADO

BAIXOU O TOSO LANÇANTE ABAIXO

OIGA-LE QUE TRANCO BRABO

DAQUELE BAGUAL OVEIRO

QUE SE PERDEU NUM CORCOVE

COM AS PATAS NUM FORMIGUEIRO

LÁ PUXA, SAI DE CIMA

O CÉU ME LIVROU DA MORTE

E O POTRO TROCOU DE PONTA

NÃO LOGROU A MESMA SORTE

NO GOLPE QUEBROU O PESCOÇO

E TEVE O MAIS TRISTE FIM

COM UM FIO DE SANGUE NAS VENTAS

MORREU OLHANDO PRA MIM

ZECADIVINO
Enviado por ZECADIVINO em 26/01/2022
Reeditado em 30/01/2022
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