ROZILHO OVEIRO
VENHO DOS IDOS TEMPOS
QUE SE MONTAVA BONS PINGOS
SÓ SE ACHEGAVA AO POVOADO
NAS TARDES DE DOMINGOS
PASSAVA A SEMANA INTEIRA
NA LABUTA DAS ESTANCIAS
ISTO FOI SEMPRE MINHA VIDA
DESDE OS TEMPOS DA INFÂNCIA
ARROCINEI UM ROSILHO OVEIRO
BEM DA COR DA ALVORADA
ROSADO COMO AS MANHAS
E O PONCHO DAS MADRUGADAS
PARECIA DESTAS FIGURAS DE LIVRO
QUE ILUSTRAVA A PAGINA INTEIRA
SE DESTACAVA ALTANEIRO
ENTRE OS DEMAIS DA MANGUEIRA
PREPAREI UMA ARMADA CURTA
E MANDEI UM TIRO CERTEIRO
NO GARGALO DO PESCOÇO
BOLHEI O PINGAÇO OVEIRO
ROMPEU O INSTINTO ANIMAL
AO SE SENTIR PRESO NO LAÇO
ALÇOU O PEITO AVANÇOU
DE COICE E MANOTAÇO
PASSEI UMA VOLTA DE CORDA
NO PALANQUE DA MANGUEIRA
COMO REZA O CATECISMO
DA XUCRA LIDA CAMPEIRA
COM MUITO JEITO E PERICIA
AMARREI UM PANO NA CARA
ARRASTEI AS MINHA GARRAS
SENTEI NO LOMBO DA FERA
JÁ NO BASTO E ESTRIBADO
NO GRITO MANDEI LARGAR
E JÁ SENTI O MUNDO VIRADO
BAIXOU O TOSO LANÇANTE ABAIXO
OIGA-LE QUE TRANCO BRABO
DAQUELE BAGUAL OVEIRO
QUE SE PERDEU NUM CORCOVE
COM AS PATAS NUM FORMIGUEIRO
LÁ PUXA, SAI DE CIMA
O CÉU ME LIVROU DA MORTE
E O POTRO TROCOU DE PONTA
NÃO LOGROU A MESMA SORTE
NO GOLPE QUEBROU O PESCOÇO
E TEVE O MAIS TRISTE FIM
COM UM FIO DE SANGUE NAS VENTAS
MORREU OLHANDO PRA MIM