Sonata V

A Eduardo Persa

I

Cantemos, meu velho, que há de melhor

Cantigas melhores, piores talvez,

Não cantes os versos tão cheios de amor,

O amor é trindade, não é solidez.

II

Cantemos somente, somente a verdade

Contida nos sábios, nos livros (Que Bom!)

Mentir para o povo é vil crueldade,

Já basta esse povo de gola marrom.

III

Enganam no palco, nas ruas também;

Promessas com juras, sem rima ou valor.

Contentes se mostram, mas nem um vintém

Investem, por prêmio, no vil servidor.

IV

Assim nós dois vamos, meu velho poeta,

Cantando a verdade e só coisas boas.

Que intriguem os falsos! Aqui se completa:

Nós somos poetas - melhores pessoas.

Rogério Freitas
Enviado por Rogério Freitas em 09/05/2021
Código do texto: T7251508
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