Sonata V
A Eduardo Persa
I
Cantemos, meu velho, que há de melhor
Cantigas melhores, piores talvez,
Não cantes os versos tão cheios de amor,
O amor é trindade, não é solidez.
II
Cantemos somente, somente a verdade
Contida nos sábios, nos livros (Que Bom!)
Mentir para o povo é vil crueldade,
Já basta esse povo de gola marrom.
III
Enganam no palco, nas ruas também;
Promessas com juras, sem rima ou valor.
Contentes se mostram, mas nem um vintém
Investem, por prêmio, no vil servidor.
IV
Assim nós dois vamos, meu velho poeta,
Cantando a verdade e só coisas boas.
Que intriguem os falsos! Aqui se completa:
Nós somos poetas - melhores pessoas.