PRESENTE
Para minha irmã Lúcia e para Lúcia minha amiga de Araraquara
Ninguém costuma reparar
Numa lagarta no muro
Tem gente que até acha nojo
Em vez de se perguntar
“Como ela fez para ali estar?”
Imaginem o esforço
A firmeza de propósito
Percorrer todo aquele espaço
E ainda escalar o muro
Até decidir parar
Ela pára para se transformar
Domina a alquimia de sua natureza
Até abrir as asas com leveza
Seu casulo tão útil, tão seguro
Não pode conter a borboleta
E mesmo a passagem sendo estreita
É o necessário para que
O sonho alado aconteça, e ela voa!
E como voa a linda borboleta
Tão diferente e tão a mesma!