Olho para dentro de mim
Olho para dentro de mim e tento fugir
O medo corrói meus sentidos internos
De tanto enxergar o lado de fora de si
Transbordo sem querer nos transes eternos
É tão difícil me ver longe além
Penetrar em mim o que sobrou
O que eu via em outro alguém
Não consigo ver em mim nenhuma imitação do ardor
Procurando os vestígios do mar
Que a chuva insistiu em brotar
Os grilhões dos atrozes caminhos do meu olhar
Eu fecho os olhos para este sombrio luar
Com a alma suspiro o medo
E desvendo o mais íntimo segredo
Ainda que seja tarde ou cedo
Eu olho finalmente, com os sonhos de um bonito enredo
Que a vida me ensinou.