Sem perder a esperança.

"Agora eu me despeço

E deixo ao longe toda despedida

Me despeço dessas coisas que tem preço

Dou adeus a toda sede que não eu não possa saciar

Esqueço a todo poço que cavei sem conta

Fui buscar na fonte dos desejos

A saciedade, o ar e a simplicidade

Sem pensar em talvez

Queria saber ensinar ao mundo

A arte de agir feito um louco

Louco de alegria, de felicidade e fé

Ter pouco, mas o pouco suficiente

A que pudesse dividir

Compartilhar cada risada, eu sei onde elas crescem

E se desse tempo

Plantar em todos os quintais, não dois

Mas três ou cinco pés de manga

E brinquedos, historinhas de medo, brincos de ouro

Ouro de mentira

Num tempo que a mentira for de mentirinha

Flores verdadeiras, mapas de tesouro e capas de revista

Brindar tua conquista, qual minha ela fosse

Como um doce que criança dividia

Prosaica como um velho amanhecer

Que nasce novo e de novo

Não negá-lo a si mesmo

Isso o faria fantástico e mesmo assim, possível

Que de mais nada se precisa, nem se espera

Não se devia esperar

Há um universo inteiro que se oculta por detrás da falsa paz

O inverso, a alma descalça à luz da lua, o pão circense

Só vence quem gritar primeiro

Alegria de hora de saida...e de hora de entrada

Onde tudo era de todos, ninguém tinha e nem queria

A mais valia era molhar na tempestade, correr encharcado

Do rio pro mar ou pra nuvem

Todos molham, todos correm, todos riem rios e chovem

É sobre lírios do campo e pássaros no céu

Era tudo sobre a mesma coisa e ainda é o que era

O tempo passa, não correu

Não precisa mapa a ver que o tesouro ainda está lá

Espalhado pelo caminho

Que seu nome não era esperança, essa não foi perdida

Ninguém sabia o seu nome e ela estava lá

Fomos nós que nos perdemos

Creio que na pressa de viver a vida

Ela foi sendo acumulada e se esqueceram dessa parte

Da louca arte de ser um lúcido

De tanta lucidez soar como loucura

Pois, desse jeito que fizeram, todo mundo enlouqueceu

A vida escondida nas dobras do tempo

Pra poder ser sorvida outra hora, em segredo

E disseram que o louco era eu."

Edson Ricardo Paiva.