Musgo

Eu hoje passo por tudo o que me cerca,
Acaricio devagar
O musgo na cerca.
Aspiro o perfume
Que ele exala, 
Cheiro de passado,
Cheiro de chuva
E dos teus cabelos molhados.

Aceito, com fé
E grande respeito,
Aquilo que me manda o céu,
Sem indagações, sem despeito,
Assino devagar o meu nome
Sob tudo o que é.
Me esqueço das vozes que ordenam.

Vejo crescer o musgo,
Que tinge tudo de verde veludo
E que amacia docemente
As rusgas da vida,
O peso dos anos.

Quero ficar aqui, comigo mesma,
Tranquila e serena entre lembranças,
Sonhando com coisas que nem existem
No mundo que todos enxergam,
Mas que são reais no meu mundo
E em tudo aquilo que eu carrego.



Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 27/06/2020
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