Descanso



Sombras que chegaram
com a nascente noite
no findar de um dia.
Vultos mentais
que povoaram os pensamentos,
ocupando os espaços cerebrais.
Talvez de fato não os visse,
mas apenas pressentisse
a sua existência, a sua presença.
E em meio ao quarto numa metrópole urbana,
de repente, um ar de sagrado mosteiro.
No desfalecer das forças físicas,
um universo de subjetividade
inunda a imaginação.
Os sentimentos prevalecem sobre a razão,
os sentidos ganham nova leitura,
agora mais subjetiva.
Novos olhos substituem o limitado olhar
e sente-se que a visão
se realiza por todo o corpo.
Assim é que, estando
enclausurado num cômodo,
não vendo o céu,
o sente em seu coração.
O seu mundo interno
parece ter-se integrado,
intimamente, com o mundo externo.
Desaparece a sensação de eterno rejeitado
e por um instante recebe oculto,
mas franco afeto.
O ar está leve,
a gravidade do corpo
em parte parece reduzida,
também ele ganha leveza.
Os pulmões estão felizes,
degustam o ar que parece puro.
O coração tem uma alegria infantil,
nele pequeno lume
parece aquecer velhos sentimentos.
E estando efetivamente acordado,
vê-se literalmente sonhando,
como se dormindo profundamente.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 25/02/2020
Reeditado em 07/03/2020
Código do texto: T6874086
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