Inércia

Perscruto o teto branco,
Milimetricamente,
Encontro defeitos tantos
Que imaginar não podia.
Ele se expande e sai pela janela
Como um céu sem estrelas.
Voa para longe de mim.
Fecho os olhos,
Conformada com a inércia,
Flutuando na espuma
Do momento.
Acompanho,
No meu céu quimérico,
Esse voo pela via-láctea
Num contínuo sem fim,
Na imensidão aveludada
Desse tempo que eterno se fez.
Me espicho frouxamente,
Perco o peso do corpo
E das horas
Sem aflição nem jaez.

 
Roseli Schutel
Enviado por Roseli Schutel em 17/01/2020
Reeditado em 17/01/2020
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