Minha casa.

Minha casa

São asas que saem de mim

Que me cabem nos bolsos

Mesmo que bolsos não tenha

São brasas que aquecem

Ventos frios que arrefecem

Minha casa é palavra guardada

Das coisas vazias que eu ouço

Meio termo, meio-dia

Meio morna

Fria totalmente

Não importa exatamente a forma

É tudo aquilo que eu sou

Mesmo

Que jamais eu tenha sido tudo

Pois eu tenho tudo isso em mente

Minha moradia é uma semente

Um nada, um pé na estrada escura

É uma luz acesa que me ilumina

E mesmo assim, não tendo nada

Minha casa é meu abrigo

Que sou só eu mesmo que vejo

Porque sou só eu mesmo que sei

Que o endereço dela é em mim

E tem sido assim desde o começo

Pra poder um dia levá-la comigo

Por mais longo que seja o dia

Há sempre o momento

Em que o dia termina

Edson Ricardo Paiva.