No Jardim do Pai
Recebi palavras
Divididas em sílabas destinadas a mim,
Não sabendo se concretas ou abstratas.
Mas sei que vivas as senti em minhas mãos.
Joguei-as então ao vento que me visitava.
E vi que se fizeram leves sementes,
E que saíram em busca de terra afim,
Mas que só encontraram solo árido.
Entretanto, perseverantes,
Não quiseram morrer,
Pois que estava nelas
Um fim, um ideal para nascer.
E estando surda a esperança
Fiz-me grito de dor clamando ao Pai.
E as lágrimas do homem foram banhadas pela chuva.
Água do céu que fertilizou as entranhas da terra.
E o vento retomou as sementes e as semeou,
Com afeto de pai zeloso levou-as seguras.
E o tempo passou, o efêmero no eterno.
E brotaram mudinhas que se fizeram árvores.
E estas se encheram de flores e frutos.
E sobre a antiga terra árida nasceu um jardim,
Feliz nesse mesclar de sonho e realidade.
O pensar fez-se algo de poesia e filosofia.
Disso surgiu um canto a sair da boca
E a voz em cantiga agradeceu a Deus.
A paz que surgiu da guerra clamou por mim.
E num ardente desejo de alma
Pedi, como criança, pelas flores do meu jardim.
E descobri o choro da alegria.
E me senti feliz por estar entre as flores do Seu jardim.
E veio do coração uma prece.
E compartilhei as flores do nosso jardim.
Encantado com as cores das desse jardim.
Ganhando calma ante o perfume deste jardim.
Para depois, em solene silêncio,
Ficar extasiado ante as flores do Seu jardim