Pomba da Paz
Pomba da Paz
Guida Linhares
Pouso na beirada das pedras,
fechando as asas brancas
que me levam ao céu.
Contemplo o tremular das águas,
e vejo o turvo fundo do mal.
Aquele que aflige as criaturas,
que as faz ficar temerosas, inquietas,
trancadas dentro de suas casas
ou nos obscuros porões da psique.
Buscam uma luz no fim do túnel,
consciências que despertem do torpor dos dias.
Mãos que se estendam em amparo,
e lenços amigos que enxuguem lágrimas.
O mundo tornou-se um campo minado,
onde o egocentrismo impera,
na busca desenfreada do TER.
As criaturas esqueceram-se de que o SER
abre as portas do coração,
enriquecendo a vida,
alegrando a alma.
No frescor das luminosas manhãs,
vem o perfume da doce primavera,
mas nem todos tem olhos de ver,
a não ser o vil metal que os escraviza.
Pobres almas a vagar sem tempo,
para amar, sonhar, transcender-se.
Na utopia, jogo o graveto da esperança,
de que os homens abram seus olhos e mentes,
assim como abro as minhas asas da paz,
para alçar vôo ao universo em expansão.
Santos/SP
02/10/07