VERIFICAÇÃO

Taciturno, fugaz e longínquo... Fenecimento da paz.

Ora, pois, que discurso direi eu aos meus ouvidos?

Como em um dia que lembrei-me deste momento,

Ardoroso o sentimento e se vai remando por aí.

Olho de cá, olho de lá... E digo isto:

Não há escolha incólume,

Senão aquela com a qual verifica

Que a realidade é sucinta.

E por mais que os dias façam questão de lembrar

Das durezas que sofreu e dos sonhos esquecidos,

Não há forma alguma sequer de esbravejar,

Senão pela própria escrita da poesia.

Verdade. Sim, verdade. Verdade factual.

Admoestar é liberdade, é verificar

Que a realidade é sucinta o suficiente

Para que o arroubo seja roubado.

Acharei homizio no infinito, por aqui mesmo

Onde o universo se dobra e os sonhos se vão,

Como numa noite comum e vazia

Que amanhã se tornará dia.