Clave de Sol.

Quem será que sou eu?

Aquele que sai na janela

E olha o Sol e olha estrelas

Conversa com elas

Mas não as conhece

Pois não sabe os seus nomes

Talvez todos nós

Sejamos aqueles que não conhecem

Nem a nós mesmos

Pessoas comuns

Bons sorrisos à janela

E sabemos que não é preciso

Sabermos nem ao menos

Os nomes dos passantes

Apenas alguns

E mesmo que não sejam

Os homens que eram antes

Não faz mal

O ser humano é sempre igual

Na sua mais profunda essência

Apesar de terem se passado

Alguns milênios

Basta olhar pros lados

Resta saber o escrito no verso

Somos todos passantes

Pontos acima e abaixo e ao lado

E nos denominamos

Como alguém que questiona

Pela enésima vez

E pela enésima nona, talvez

Sem atentar para o fato

De não se ter atido à resposta

Mas gosta de estar à janela

E cumprimentar os passantes

Conversar com estrelas

E nem ao menos saber os seus nomes

Sem prestar atenção na vida

Vivemos

Tanto faz

Assim como era antes

Alguns ainda estão à venda

Desde que o mundo é mundo

E como tudo na vida

Outros não .

Edson Ricardo Paiva.