Sobre o medo que eu não senti.

Não tive medo da vida

Pois quando aprendi

O sentido da palavra medo

Eu estava muito ocupado

Vencendo todas as dificuldades

Que, por si só

Teriam destruído a vida de muitos

Não tive tempo de sentir medo

Pois o tempo não parou pra isso

Nem busquei uma causa, razão

e nem motivo e nem sentido

A vida passou tão depressa

Que só nesta fase da vida

É que me ocorre o pensamento

Do quanto teria sido inútil

Ter tido o medo que quase senti

Pois a vida não parou pra ser perfeita

Por isso foi sendo refeita todo dia

Qual fosse um castelo de areia

Quando a gente tenta e tenta

E não tem por onde

Pois quando não venta forte

Vem sempre uma onda

De modo que no fim da tarde

A gente percebe

Que nem tudo está perdido

Há uma palavra escondida no vento

O tempo, sem pressa ensina

Que a beleza das coisas

São como promessas, escritas na areia

Mas quando a gente tanto insiste

Em tentar fazê-las

Aprende a fazer desenhos

Nas estrelas que o Céu ponteiam

Por isso não tenho medo

e também não me sinto triste

Existem mais delas no firmamento

do que todas as areias sem firmeza

Que o vento, sem dó

Carrega por entre os dedos

Talvez, por não ter sentido medo

É que descobri

O sentido da palavra vida.

Edson Ricardo Paiva.