Em todos os tempos seu nome viveu

Neste chão cheio de paralelepípedos

Nos forçam a andar sentindo o palpitar

Nas mãos

Nos Pés

Na boca, flor

A vida camufla-se feito garçom

Servindo um novo começo

Para anular este desconfortável suor

De quem tanto luta para ver

Um pássaro ronda a igreja

Como se quisesse me ver

De joelhos suplicar

O canto do Curió

Tiro as mãos do bolso e aperto

Minha memória farta e fraca

Como uma lavadeira que leva os tostões

Na cabeça subindo a ladeira

E cantando pro filho sorrir

Com sua voz macia diz

Que um dos seus netos

Sobre ele quererá ouvir

A ponto de sentir nas pernas o cansaço

De ter que repetir

A súplica do pássaro para te levar pra lá

Para quem sabe

Partir de um alto Monte

De um alto telhado

Avistar

Quão grandes são

E que sempre estivestes em todas

As histórias

Talvez por isto

Nada te animes

Talvez por isto

Tens esse olhar

De quem muito viveu

Adriane Neves
Enviado por Adriane Neves em 26/12/2018
Reeditado em 27/12/2018
Código do texto: T6536273
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