Asfalto.

Não fico triste

Por não voar como os pássaros

E nem nadar como peixe

Penso

Imagino-me voando

Pertinho das estrelas

Deixo-me tornar todas elas

Em estrelas-do-mar

No mais profundo oceano

E vou lá

Pois os pássaros e os peixes

Não querem ser quem eu sou

Compreendo

Que as pessoas

Encontram-se perdidas

Pois estão

Mas, em segredo

Resta a mim

Meu medo

Pássaros e peixes

Não tem noção

Do ar e nem do mar

Tampouco sua finitude

Minha atitude perante a vida

É prosseguir vivendo

Sendo a mim mesmo sempre

Enquanto as pessoas

Não aceitaram ainda

A condenação

Nem mesmo

De vez em quando

Serem somente a si mesmas.

E são pássaros sem penas

Peixes sem olhos

Gente sem nada

Olhando a vida lá do alto

Sentadas em brancas estrelas

De onde caem toda manhã

E dão com a cara no asfalto

Assim que amanhece o dia

Enquanto isso

Eu dormia.

Edson Ricardo Paiva.