ALMA LIBERTA

Lavo-me em sumo até de begônias.

Penduro-me depois no ramo de girassóis.

Insetozinho petulante à barlavento.

Salto, cricrilo, em noites de insônias,

Pouco afeito a dois ou queixas de ti: Ah, como dóis...

Vivo constante alheio no nó do encantamento.

Entre flanar e trabalhar com afinco,

Sou aquele gato que miará em teto de zinco.

Não é preguiça, quero ressurreição do Éden

Porque as coisas deste nosso mundo fedem.

Tenho intimidades com margaridas e campânulas:

Flores, folhas balouçantes, vivo cantando-as.

Comove-me a corrida desembestada do serelepe,

Amo as de carroças, charretes e calhambeques

Camilo Jose de Lima Cabral
Enviado por Camilo Jose de Lima Cabral em 11/11/2018
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