Paz
Olho meu próprio reflexo
E ele me devolve o olhar de desgosto
A cada célula que envelhece e morre
Tenho mais e mais a certeza: Thânatos me cerca
Nado contra a corrente do tempo
E me deixo corroer nessas águas que ferem
Luto contra o anjo de asas negras
Mas sei que ao fim da batalha a morte me espera: Anseio por salvação
A dor da incapacidade
O máximo de uma impotência
De braços cansados eu remo uma última vez
Antes que eu afunde nas águas do tempo: Meu caminho e túmulo
De braçada em braçada
Nego o destino que as águas negras me impõem
Ergo a cabeça para respirar aliviado
E de Thânatos e Caronte ouço: descanse em paz!