Ser solar
O dia amanhece
o sol rasgando o véu
feito flor sangrando de cor
a pálida nuvem.
Dentro de mim há muito tempo
nua, em um vazio obscuro
a alma grita
num desejo de ser banhada, acalorada
pelo sol que brame e inflama.
Eu, que em brasas, adormeço e acordo
e em vão me despido
ansiando que a luz adentre por minhas veias,
pelos poros, alma em pelo
Um desejo de que a boa energia more aqui
dentro de mim
todos as manhãs, até o anoitecer.
E assim quando rasga-se o véu do tempo
e o sol colore a vista
a alma salta primeiro
vai de encontro ao horizonte
mostrando-se ao astro por inteiro
quer norte, quer cor, quer ser ponte.
Há de chegar o dia,
em que minha alma seja só luz e brilho
e o calor da vida ofusque esse vazio que insta
demasiadamente em ferir.
Pois tem paz, a alma que sangra
quando raia o sol, neste ser solar.
Paula Belmino