QUASE SILÊNCIO
um quase silêncio
comeu
minha madrugada.
era um vento
quase sem som
quase não era vento
quase não era
sem som
quisera ser silêncio
um choro molhado
uma visita ao telhado
passeio noturno
um canto de pássaro
rasgando a noite
quase protesto
quase nada acontecia
na madrugada
o vento no telhado
um claro de lua
invadia a casa
pelas telhas
em um silêncio bom
luz
som de cor
quase madrugada
na alma dos olhos
linda
lua linda
quase lua dentro
de casa
visita metafísica
cor concreta
sonata em festa
no chão da sala
concerto aos olhos
quase silêncio
nos olhos da alma
quase madrugada
enchia a lua
e fazia silêncio
nos olhos da noite
canto de pássaro
afoito
madrugada e lua
num coito frenético
em quase silêncio
não fossem os olhos
filhos da alma
que riam de dentro
noite e alma
cenas de amor
quase silêncio.