Carrinho de Mão

E esse peso que acumulou nos dias!

Fiz dele o que não sou

Tornei real o descarrego

Da dor, do amargo, da solidão

Quisera poder voar na leveza dos pássaros

E aí decidir meu caminho

Beijar crisântemos e pousar nos Ipês

Laranjeiras, e mexeriqueiras

Sol, lua, rios e corredeiras

Têm cumprido suas obrigações

Tela limpa, moldura acabada

Faltando somente o pintar, meu

Pego no desajeito o pincel

Acanhada traço as primeiras linhas

Uso o que estava em desuso

Azul, verde, vermelho, amarelo...

Como é bom o estar no passarinho

O deslizar da água rio abaixo

Reluzir no corpo do sol, servir à vida!

Realizar a obra da criação no corpo

Assim remonto o sou

Significo

Justifico porque tanto

Para nada

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 17/05/2016
Código do texto: T5638747
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