VESTÍGIOS EM ANGOLA
VESTÍGIOS EM ANGOLA
Não vivi sobre as brasas como eles,
Mas ´screvo a fogo ardente
Os acontecimentos
Que ´stão vivos na mente
Injusto seria se nos mantivéssemos aqui calados
Afinal, esta guerra
provocou milhares de mortos
E mutilados na minha terra
Choros e lágrimas vinham de todos os lados
Aos grand´s lhes mereceram prisões e exílios
Deixando a chorar os seus filhos
Enquanto outros milhares
Deambulavam enlouquecidos,
O que vem a ser próprio de povos esquecidos
Foram momentos de terrifeições
Muitos sem plausíveis ´xplicações
Pois, sequenciavam-se as guerras,
E de lá não saiu um rosto mais humano
Por mais que dai muito se esperava
Tanta opressão e intolerância politica se viveu
Olhemos pelas desigualdades irmão,
Tudo proveio da repressão,
Tudo proveio da intolerância,
Os ouvidos de tudo um pouco ouviram.
Por um lado o ribombar das granadas
E das armas
Taka, taka,taka,taka,taka…
Buuuuuuuuuuuuuuuuuu…
Por outro lado, o ruído das botas
Pu,pu,pu,pu,pu,pu…
Nestas implicações das guerras
Foi preciso adoptar a linguagem da democracia
P´ra chegar aqui,
Sorrindo e dando outra cor,
Diferente a daquela,
Que era manchada de cinzas
Por rebentos e queimaduras,
Por chão manchado de sangue
Por esta, marcada de bravuras.
No meu povo,
As humilhações deixaram
Os traços profundos
Pois, que ainda hoje se vive, traumatismos
Devido ao apego exagerado à cor,
Devido ao apego exagerado à religião
Devido ao apego exagerado à etnia,
Megalomania
Foi preciso olhar p´ra esta Angola
Com os olhos clínicos,
Mesmo que às vezes olhamo-la
Com rancor,
Com muita dor,
Fazendo cair dos olhos, lágrimas
E um coração sem doçura
Os ecologistas se iam embora,
Nos altos das montanhas
Estavam eles joelhaclinados,
Ao Pai se clamava socorro
Nos bairros já se simbolizavam
Um contraste social
O brilho do sol já se fazia valer,
Fazia-se libertações mesmo em conta-gotas
Acusaram-se os dois beligerantes
Pois, desaparecidos estavam os seus militantes
Desapareceram tantos e tantos
Olhando para trás ficam lembranças,
Hoje, parece apenas uma democratiaventura
Persistência que aos quatro ventos
Se reacendem em esp´ranças
04.04.2012