ELE SÓ (coroa sem espinhos)...
Ele só, andou por tantas pedras, tantas...
Sangrando os pés, sozinho,
Mas repartindo o pão
E o vinho...
Ele só, andou por tantas sombras, tantas...
Levando luz, ao ninho
Guardando ao coração
Cadinho...
Ele só, falou a tantos homens, tantos...
Do amor maior, celeste
Exemplo dando aos santos
Sol leste...
Ele só, pregou a tantos seres, tantos
De sentimento agreste
Na voz, um acalanto
Foi Mestre...
Ele só, ordena a tempestade: cessa!
E tudo sempre acalma...
Na paz que traz impressa
À alma...
Ele só, nasceu na manjedoura em luz
E percorreu a vida
À morte escarnecida
À cruz...
Ele só, mostrou a porta estreita aberta
E fez da própria senda
A caminhada certa
É lenda?...
Ele só, ficou... Na solidão extrema
Sofrendo a traição
Qual réu em seu dilema
em vão?...
Ele só, sofreu sem condenar algozes
O indiferente, e até
A turba de ferozes...
A fé....
Ele só, ao ódio enfrentou de frente
Ao hipócrita sagaz
Plantou sua semente
A paz...
Ele só, de braços estendidos pede
Perdoe-os Pai! Irmãos,
Crianças ainda... Concede
Perdão...
Ele só, atravessando o fim dos tempos
Separa o joio e o trigo
À espada, é sentimento
Amigo...
Ele só, promete o consolador
A relembrar a gente
O infinito amor
Pra sempre...
Ele só, entre ladrões crucificado
Pregado ao lenho é luz
É o Mestre eternizado
E nos conduz...
Autor: André Luiz Pinheiro
21/12/2015