O CONTADOR DE HISTÓRIAS
O meu pai era um contador de histórias
crianças da rua inteira gostavam e ouviam
o que o meu pai estava narrando
era um movimento de união e tamanha alegria
Então na noite de luar era uma algazarra
e chegavam crianças e sentavam em uma grande calçada
eu e as outras ficávamos igual a uma arquibancada
olhos e ouvidos atentos para o que o meu pai com tantos gestos falava
ele começava a falar com seu olhos azuis arregalados
e o silêncio se instalava como ordem de um grande mandato
as folhas não mexiam no mato, para ouvir o que ela contava de fato
e vivenciávamos toda a cena através dos sentimentos imaginados
ele falava do mar, do céu da terra e da lua
sereias e suas formosuras, castelos e crianças que eram encontradas
o universo era pouco para histórias que tocavam a alma em serenata
outras às vezes tão ardente como fogo em uma fornalha
E as perguntas iam pela noite afora
o final sempre era uma bela e grandiosa vitória
e quando chegava a hora de todos irem para suas casas
perguntas e por quês com respostas satisfatórias
hoje eu conto em versos sorrindo as lembranças
uma pequena parte do meu antigo ninho brilhante de criança
que são as raízes da minha árvore que fortalecem a minha vida
acredito que para cada conto sempre haverá um bela vitória.