Aquela Paz
O que dirás da paz?
A paz que te grita,
que te comove e te excita.
A paz, tão mera escrita,
que soa dos bicos alados
e dos turbilhões dos fados contados.
Ah, essa paz!
É angustia demais
procurá-la nos olhos dos intelectos
sem história, sem memória e sem retrospectos.
O que me dirá, então, a paz?
Se o beijo da dor recolhe os meus lábios
e os tatos vacilam no cintilar dos meus dias.
Apenas é mais uma filosofia, eu diria.
Mas, da paz, quero a lucidez dos meus versos,
dos meus dias calmos entre os adros calados...
Do abandono de choros nos escuros minguados.
Pois, é de paz que se refazem os horizontes,
quando raiam os sóis de cada dia,
quais pães em peixes voadores que se camuflam e,
por fim, sacia-me na constante ousadia
na busca por um pouco de paz.
Niniz Voaglin