Me nina, menina
Deixe que o silêncio tome conta da varanda...
Que as árvores dancem com o vento leve
Sem que leve delas as folhas secas
Que insistem em tocar o solo
Me deite e me deixe em seu colo e me eleve a alma
Com a calma e a paciência do sol que se põe...
...e me nina, menina...
Deixe que o silêncio tome conta desta rede...
Que balança lenta como o cair da tarde e da neve
Sem que esfrie a ultraleveza do meu sonhar
Que insiste em bater as asas
Me deite no deleite do seus seios morenos
Com a maciez profunda das nuvens de algodão...
...me nina, menina...
Deixe que o silêncio tome conta deste jardim...
Que a abelha não leve antes daqui esta flor
Sem que eu releve sua cor e seu perfume
Que insisto tanto que toque o meu corpo...
Me rosse o rosto magro, frio e maltrado
Como quem ara a terra pra plantar bons frutos...
... nina eu, menina...
Não deixe, oh meu Deus! Que o vulcão exploda...
Que nem seja a erupção desse meu coração cansado,
Atormentado de tantas dores dos velhos desamores.
Quero apenas ser ninado...
Quero suas mãos nos meus cabelos
Desembaraçando meus pensamentos...
....menina, somente me nina...e nada mais.