Me nina, menina

Deixe que o silêncio tome conta da varanda...

Que as árvores dancem com o vento leve

Sem que leve delas as folhas secas

Que insistem em tocar o solo

Me deite e me deixe em seu colo e me eleve a alma

Com a calma e a paciência do sol que se põe...

...e me nina, menina...

Deixe que o silêncio tome conta desta rede...

Que balança lenta como o cair da tarde e da neve

Sem que esfrie a ultraleveza do meu sonhar

Que insiste em bater as asas

Me deite no deleite do seus seios morenos

Com a maciez profunda das nuvens de algodão...

...me nina, menina...

Deixe que o silêncio tome conta deste jardim...

Que a abelha não leve antes daqui esta flor

Sem que eu releve sua cor e seu perfume

Que insisto tanto que toque o meu corpo...

Me rosse o rosto magro, frio e maltrado

Como quem ara a terra pra plantar bons frutos...

... nina eu, menina...

Não deixe, oh meu Deus! Que o vulcão exploda...

Que nem seja a erupção desse meu coração cansado,

Atormentado de tantas dores dos velhos desamores.

Quero apenas ser ninado...

Quero suas mãos nos meus cabelos

Desembaraçando meus pensamentos...

....menina, somente me nina...e nada mais.

Vavá Borges
Enviado por Vavá Borges em 25/06/2007
Reeditado em 26/06/2007
Código do texto: T540674