RECITAL
A tarde está fria.
O céu cinzento.
Chove.
Quanta falta fez a chuva!
Os córregos secaram.
Os lagos secaram.
Os rios estão semimortos...
Quanta falta fez e faz a chuva!
Agora, nos pingos grossos que descem do céu,
Cresce nossa esperança na vida que precisa ressurgir.
Água do céu, água abençoada,
Que tem o poder de tudo renovar!...
O verde, que cedera lugar ao marrom, ao cinza,
Agora, voltou verdinho!
A poeira que brotava do chão e subia incessante,
Levantada e espalhada pelo passar dos veículos,
No asfalto, aquietou-se, sumiu...
Nas estradas de terra, misturou-se à água
E até mudou de nome - agora é lama.
Tudo bênção! Tudo graça!...
Sentada na sala, olhando pela janela o céu que chove,
Aprecio e bendigo a chuva,
Embalada pelo som mavioso do piano de Richard Claydeman,
Que, bem suavemente, harmoniza-se com o canto da chuva que cai!