COMO EU GOSTO

Ficar em casa, dormir até às tantas
Rever a horta, conversar com ela...
Não é loucura, só lucidez, do meu interlocutor!
Uma arritmia sem compasso e rítmo
Resolve me incomodar, começo conversas:
Falando com agriões, tomates, alfaces, couves
Não falo com os bem-te-vis que só me sacaneiam, lá de cima!

Ao cavar a terra, palmos no chão, o cuore, disparado
A conversa homem-terra, filho ingrato-mãe
Fica mais animada, tratar de mútuas agressões
Com cuidado, sem revides, sem ferir sensibilidades
Geohumanas, à flor da terra! Sou um embaixador!
Minha caneta, enxada! Meu argumento: preciso pensar... !

Agora escrevo, até amanhã, gosto do teclado novo
O velho ficou pra trás, preciso socorrê-lo, só Deus sabe onde
Estive a ponto de esquecer o alfabeto, coitado do bichinho
Tornar-me mais um pária ao luar, sem manifestações
À margem de tudo, sem ajuda, sem no contexto me inserir
Decido a reversão, fazer, na Info lá do morro, acima
Procuro a minha companheira arritmia, cadê?

Enterrei-a, e me esqueci da cova, o lugar
Debaixo de um chuchuzeiro, talvez ali, esteja quieta
Gosto de comer dos frutos da terra, do mar...
Por aqui, só tenho os primeiros, fáceis, à mão
É a recompensa que tenho pra oferecer
À terra enciumada, dama, que vai muito mal...
Só vou dela comer, a terra está há muito a reclamar!

Sobradinho-DF, 26-05-07- abello