INQUIETUDE ...
Maria Luiza Bonini
Habita, dentro em mim, uma incontrolável inquietude
A confundir o meu, já tão amadurecido, tempo
Como se eu ainda fora uma menina, adolescendo
Mergulhada em meus sonhos, regados a juventude
Esta inquietude que me permite vagar nos impossíveis
Com tamanha irreverência e sem pedir licença ao magos
Tal Medusa, a tatear a vida, por entre seus tentáculos
Adentra a propalados espaços, ditos intrasponíveis
Das cicatrizes deixadas pelo tempo, desenho meus jardins
Tão floridos e belos, que chegam a exalar aroma de jasmins
E circundam, em festa, colorindo o caminhar de meu destino
Minhas angústias, todas elas, as entrego aos querubins
Que as levam, em segredo, para bem longe de mim
Devolvendo-me a quietude da paz de um templo divino
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São Paulo/Brasil
16.01.1914