Aquilo que Tocas
Pensas, com orgulho, que tu me decifras,
Como se eu fosse a frágil rosa em jardim sórdido,
Que achas - despetalas entre os dedos mórbidos...
Ah, como te enganas com tuas armadilhas,
Eu estou além da trama que dedilhas,
E que esticas sempre, tentando me reter!
Mas se te divertes, assim, eu o permito,
Melhor teu verso torto, que teu agudo grito
Qual o rito de quem nada tem de útil a dizer!
Queres que eu morra, mas Deus é quem decide,
Enquanto isso, eu vivo, e passo, e tu denigres
O que jamais, em vida, hás de compreender...
E aquilo que tu pensas transformar em podre,
E jorra da tua boca, e cai em torpe odre,
No fundo, é intocável, e gargalha de ti...
E é essa a tua raiva; a de não seres, enfim,
Nada que tu possas associar a mim,
Insignificância - és tu, a debater-se...