BAIA FARTA DE FALTA!
Que gente impávida vejo em ti…
Ó Baia Farta de falta, com pejo de moribunda
Vá e desperta na paz que até na Lunda
Reaviva o povo tchokwé sem jardim
Ó Baia abençoada de dourados peixes
Onde encontras a tainha dos mares
Senão dos tristes cantares
Das vadias que se riam aos feixes
Ó Baia moribunda de sal
Que é tão amargo quanto a insólita
Vida do pescador que assustado grita
Ao desespero de seu filho assolado pelo mal
Quanta hipocrisia se vê hoje
Disfarçada na impetuosa marcha
Pela paz...Que desmancha
A malícia do delinquente que foge
As cores primárias de sua fronte
Onde as crianças apavoradas
Por dores solitárias tinhas mãos atadas...
E marchavam distante do monte…
Vozes, vozes que se ouviam
Do mercado dos pescadores
Que de si já cansados de horrores
Silenciavam suas dores que se perdiam…
Ó baia de tanta letargia
Que percorre até aos ilustres
Tão frustrados dos biltres
Que confundidos vivem esta nostalgia
Ó baia que dos homens sem discurso
Na hora violada…
Queimavam a sua acatada
Cabeça sem nenhum percurso
Ò entristecida Baia pelo deserto que invande
Há tantas décadas os seus bairros
De onde nenhuns ruídos de jarros
Embelezavam a casebre do pobre com alarde
Com o sino romano há muito
Emudecido….
E a esperança do jovem esquecido...
Que era injustiçada com aquele mito
Baia moribunda e tão exótica
Pelas deliciosas praias...
Visualizadas por aventureiros às saias
Das morenas fingindo à caótica...
Baia branqueada pelo céu
Que das inimaginárias pombas
Me recordavam das devastadoras bombas...
Que entristeciam a mulher enviuvada de véu...
Ó Baia de quando o sol escaldante
Àquela tarde de paz...
Bailava ao célebre, o trovador com assaz
E os rostos galgavam rios num instante
Ó Baia que da multidão
Escarnecida pelo sol ousado
E da música sem mensagem do topo
Eu senti a saudade moribunda do coração….
"Um soneto escrito dia 04 de 04 de 2007, em memoria à vila da Baia Farta, em Benguela".