AGASALHO DE DEUS
Lá fora a garoa cinzenta
cobre o nú telhado.
Aqui dentro, o conforto fala.
Busco com meus olhos irriquietos,
os prazeres desta sala quente.
Meus sapatos vêm,
aos meus pés descalços,
como o cão que segue
docemente o dono.
Lá fora a luz mortiça dos postes
Oferece socorro,
aos friorentos transeuntes,
que seguem agasalhando
suas solidões.
Dentro o aroma suave do carinho
Conforta o ar mansamente
Cochichando de cada canto
aos ouvidos.
- Eu existo aqui
Em cada gota
Em cada célula
Em cada ser ambulante
- Creia somente!