a dose exata
acordei na madrugada
na sala, a primeira garrafa que vi
pensei que fosse licor
derramei na taça pequenina
quando o líquido branco surgiu,
parei na altura de um dedo
a dose exata, nem mais um pouco
o menos já tinha ido
o líquido desceu queimando a garganta
e as impurezas dentro da boca
o que restou do que eu não proferira
durante o dia
certo de que a ninguém ferira
o líquido continuou descendo
e se entranhando pelos tecidos
alcançou as células rapidamente
e tudo se pacificou
o sono comigo ralhou
mas seu sorriso largo me abriu
meu medo de escrever dormiu
e eu com ele
tudo se acomodou