relutância

não adianta me enfurnar

num quarto escuro,

ver se me aturo ou depuro

tudo o que não sei de mim

não adianta relutar,

como se eu fosse assim

um desmiolado,

um esquizofrênico paquiderme

ou como se eu fosse um germe

das coisas que acho ruins

não adianta querer descobrir

o que não consigo esconder

não adianta dizer

aquilo que sabem de mim

mas adianta viver,

sentir da vida o prazer,

pintando o quarto de branco,

não como um Saramago*,

mas só pra ver se me pago

o que reclamo de mim

*referência ao máximo escritor José Saramago,

autor de “Ensaio sobre a Cegueira”

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 15/11/2012
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