Paz
[Rivalino Pereira]
Hiroshima, 06 de agosto de 1.945
Eu me lembro de que eles estavam sem cimento para construir edificações...
A guerra já havia acabado com todas as suas reservas...
Eles não tinham petróleo, nem cobre para fabricar granadas...
E a guarda nacional dispunha apenas de um único armamento,
Milhões de lanças de bambus...
Olhei para o dia que aparentemente seria calmo,
Se não bastasse às moléstias da guerra...
Algo grande foi lançado do céu por um B-29 americano...
vinha caindo assim inerte ao tempo que transcorria...
olhei no relógio... estava atrasado e por isto corria...
8 horas quinze minutos e quarenta e três segundos...
Vi o céu mudar de cor: branco, violeta, rosa, amarelo, vermelho,
Vi tudo mudando... Clareando com um calor imenso...
Evaporando... Sumindo...
Em um milésimo de segundo... Vi marcas no chão...
Das sombras das pessoas... Que haviam se transformado em gás
Dois segundos depois outros milhares haviam morrido.
E num raio de doze quilômetros quadrados nada mais existia...
O desespero tomava conta de tudo,
Pessoas gritavam... choravam...
Eu presenciava esta dor e nada podia fazer...
Duzentos e quarenta mil pessoas morreram,
Em apenas dois segundos... Dois segundos apenas...
O som ensurdecedor... Foi ouvido a quilômetros depois...
Durante vinte e uma gerações se terão noticias...
Do desastre atômico.
Sequelas da supremacia do homem...
Entre os escombros levantei-me,
E presencie a morte de frente.
Senti um grande pesar na mente.
Vi meu corpo ser dilacerado.
Não pela bomba.
Mas pelos que haviam sobrevivido aos horrores
de toda aquele holocausto.
Pois em tempos de guerra eu era um...
Dos vinte três prisioneiros de guerra americanos.
O único sobrevivente, que sentiu na pele,
Toda a fúria de uma gente que não precisava
Pagar por nada daquela guerra.
Em tempos de guerra
O homem se perdeu...
Em tempos de guerra
Foram-se todos os laços da amizade...
Perdi meus sonhos...
Nesta luta inútil em busca da paz...
Chorei, quando meus pais receberam
Em suas mãos tremulas...
Uma caixa de homenagens...
Uma medalha de honra!
Eu vi o fogo cruzar os céus...
E o inferno descer a terra.
E as lágrimas que na eternidade tenho
Jamais se apagarão.
( Texto ficção - Longânimo /maio/2001 )
[Rivalino Pereira]
Hiroshima, 06 de agosto de 1.945
Eu me lembro de que eles estavam sem cimento para construir edificações...
A guerra já havia acabado com todas as suas reservas...
Eles não tinham petróleo, nem cobre para fabricar granadas...
E a guarda nacional dispunha apenas de um único armamento,
Milhões de lanças de bambus...
Olhei para o dia que aparentemente seria calmo,
Se não bastasse às moléstias da guerra...
Algo grande foi lançado do céu por um B-29 americano...
vinha caindo assim inerte ao tempo que transcorria...
olhei no relógio... estava atrasado e por isto corria...
8 horas quinze minutos e quarenta e três segundos...
Vi o céu mudar de cor: branco, violeta, rosa, amarelo, vermelho,
Vi tudo mudando... Clareando com um calor imenso...
Evaporando... Sumindo...
Em um milésimo de segundo... Vi marcas no chão...
Das sombras das pessoas... Que haviam se transformado em gás
Dois segundos depois outros milhares haviam morrido.
E num raio de doze quilômetros quadrados nada mais existia...
O desespero tomava conta de tudo,
Pessoas gritavam... choravam...
Eu presenciava esta dor e nada podia fazer...
Duzentos e quarenta mil pessoas morreram,
Em apenas dois segundos... Dois segundos apenas...
O som ensurdecedor... Foi ouvido a quilômetros depois...
Durante vinte e uma gerações se terão noticias...
Do desastre atômico.
Sequelas da supremacia do homem...
Entre os escombros levantei-me,
E presencie a morte de frente.
Senti um grande pesar na mente.
Vi meu corpo ser dilacerado.
Não pela bomba.
Mas pelos que haviam sobrevivido aos horrores
de toda aquele holocausto.
Pois em tempos de guerra eu era um...
Dos vinte três prisioneiros de guerra americanos.
O único sobrevivente, que sentiu na pele,
Toda a fúria de uma gente que não precisava
Pagar por nada daquela guerra.
Em tempos de guerra
O homem se perdeu...
Em tempos de guerra
Foram-se todos os laços da amizade...
Perdi meus sonhos...
Nesta luta inútil em busca da paz...
Chorei, quando meus pais receberam
Em suas mãos tremulas...
Uma caixa de homenagens...
Uma medalha de honra!
Eu vi o fogo cruzar os céus...
E o inferno descer a terra.
E as lágrimas que na eternidade tenho
Jamais se apagarão.
( Texto ficção - Longânimo /maio/2001 )