MEUS EQUINÓCIOS
Paguei os equinócios com dinheiro
Quem me vendeu não quis mostrar a face
Deixei os dois solstícios para os pobres
Senão espalharão que sou avaro
Tomei pra mim os climas temperados
As folhas mortas de um outono velho
E as flores com sorriso de bebê
No colo de uma doce primavera
Não quero ver dentes arreganhados
Ferozes verões e tristes invernos
Refugio-me na biblioteca
Com todos os sentidos desligados
Cansei-me dos asfaltos infernais
Sofri o frio que roía os ossos
Foi duro, mas paguei cada centavo
Adquiri ambos os equinócios
Possuo a escritura de meu sítio
Onde o sol não é de menos nem de mais
Comprei do dono do vasto universo
Um velho já cansado de milagres