A GUERRA (Depoimento)

eu sou o sopro cálido

que entorpece a pura flor

de pavor,

quando surge o meio-dia...

a profanação do riso

e da liberdade

das crianças sem pátria...

o palpitar da contra-vida:

a morte.

até do verde das árvores...

desencadeadas tempestades

ao relampear de meus dentes

pestes em imundos cárceres,

humanos sepultados às pás,

cascatas de lepra

desgrenhando dermes,

sem fronteiras...

mordaça fugaz

bocas escancaradas

e sedução de espíritos,

uma de minhas facetas...

sou um monstro

de fogo e aço

(ninguém pense que sou brinquedo)

fogo consumindo

arvoredo cor de barro,

mas sou o que sou...

os homens,

esses me procuram

a mais não ter fim.

eu sou a guerra!

ódio e egoísmo

meu alimento;

insana covardia

eu alimento...

crueldade

correndo nas veias

imolada em sacrifícios

e gerada

pelo capítulo egocêntrico

do planeta...

sou castelo construído,

ruínas de outras ruínas

espalhadas no caminho

do passado...

alimento-me

como as hienas e os chacais...

igual aos outros homens,

nas minhas mãos

fantoches.

eu sou o resultado,

obra das cabeças

dos homens grandes:

enquanto se divertem,

semeiam vinganças

sob o estigma da flor

perfumada e rubra,

talvez vinda de Deus...

Rocha Poema
Enviado por Rocha Poema em 22/06/2012
Código do texto: T3738267
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