O BAILARINO
Flutua o corpo nu diante do mundo,
no palco do teatro onde mora.
No embalo do acaso,
sem ufania,
sem aplauso,
a expor suas verdades intrínsecas,
em desenhos vivos de saltos e passos,
como anjo,
como pássaro,
como índio,
um curumim alado derramando estrelas
de instinto e libido,
de pureza e delícia,
volúpia e candura.
O corpo nu em seu leve rodopiar
diante dos concretos,
dos olhos das pirâmides frias
afixadas no asfalto das ruas,
encerradas nos pulmões tísicos
dos valores hodiernos.
O corpo liberto das couraças da moda,
do vazio luxuoso das lojas.
Gira, gira, gira
o corpo despido
do tempo perdido.
(Primeira publicação em 26 de junho de 2009).