O BAILARINO

Flutua o corpo nu diante do mundo,

no palco do teatro onde mora.

No embalo do acaso,

sem ufania,

sem aplauso,

a expor suas verdades intrínsecas,

em desenhos vivos de saltos e passos,

como anjo,

como pássaro,

como índio,

um curumim alado derramando estrelas

de instinto e libido,

de pureza e delícia,

volúpia e candura.

O corpo nu em seu leve rodopiar

diante dos concretos,

dos olhos das pirâmides frias

afixadas no asfalto das ruas,

encerradas nos pulmões tísicos

dos valores hodiernos.

O corpo liberto das couraças da moda,

do vazio luxuoso das lojas.

Gira, gira, gira

o corpo despido

do tempo perdido.

(Primeira publicação em 26 de junho de 2009).

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 19/06/2012
Reeditado em 12/07/2018
Código do texto: T3732084
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