DOCE BERÇO
A sombra é um suspiro vermelho - é uma saga de luz tamanha - é uma ave púrpura que dorme o céu enquanto as nuvens se reorganizam dentro de nós. E depois amanhece fogo ardente, como um infinito incendio em ondas. Este reflexo entre a luz e a sombra é o encanto. Há um globo ou taça que embebe os lábios como se dormisse o sol em dourados e vermelhos... [SERPENTE ANGEL]
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Com este simplório texto chego aos 1000 TEXTOS publicados aqui no RECANTO DAS LETRAS, nunca me liguei na quantidade de textos publicados, [e muito menos na qualidade destes] sempre primei por postar o que eu senti vontade, o que a minha emoção me pediu. Por tantas vezes postei textos “confessionais” “rotulados” tantos, mas postei sempre o que o meu momento me pediu, nunca fiquei guardando textos, trabalhando letra por letra, combinação por combinação de rimas e palavras, sempre achei que a emoção é o primeiro instante, a primeira idéia, o in natura do momento, eu fui escrevendo o que sentia vontade, e fui escrevendo outros mais, e quando percebi já tinha ficado por tempo demais, já tinha postado coisa nenhuma demais. Recebi elogios, recebi incentivos, recebi criticas, sorri, chorei, me emocionei, fiquei triste, irritada, aprendi coisas tantas, desaprendi outras mais, mas é uma bagagem que se leva, e a hora da estrela sempre chega, a criança em nós[a minha pelo menos] nunca foi de clausura nas letras, mas sempre foi de clausura em si. Embora eu tenha falado coisas tantas sem estribeiras, sem qualquer critério, li, escrevi, disse, e me deixei dizer. Sou meu próprio lar, meu silêncio, minha intimidade. Sei que sempre serei midiática, uma espécie de irmã Clarissa, uma clausura anônima, por opção. O que fiz aqui nesses 3 anos, mais ou menos talvez, não foram livros, não foram obras de valor literário algum. Sei que um livro é organizado, com inicio, meio, fim, volumes quem sabe, organizados em sinais gráficos, com linguagem que se entenda em tudo que é fim, cantos, paginas, tudo.
Eu havia preparado um outro texto, bem ao estilo da SERPENTE ANGEL para a comemoração desse momento, mas pensei melhor, e achei melhor não. Seria um texto vaporoso, ardido, venenoso, mas creio que a noite de sono que tive, amanheceu-me com seu lado anjo.
Gostaria de agradecer a todos quantos me visitaram, leram-me, comentaram, e apreciaram o que escrevi e postei durante esse tempo em que estive no RECANTO DAS LETRAS. Creio que atravessei essa história por que era um ciclo necessário pra mim. Vai-se à frente ou se volta ao lugar marcado pela história do mesmo lugar. À exceção é essa saudade, essa pilha de folhas soltas que bate vez ou outra, junto a vontade de escrever uma ou outra coisa sem nexo. Mas essa é uma janela que foi aberta, e tem o propósito de ser porta fechada, esquecida mesmo. A desordem dos papéis nas gavetas, no caso de serem involuntariamente esquecidas, podem ser revistas, se assim desejarem. Não pedirei desculpas por ter sido só uma bêbada por aqui, um fiasco no pronunciamento literário. Nem de longe pedirei desculpas por ter enchido minhas mãos por tantas vezes, por ter resquícios do que não fui, por ter fragmentos do que não sou. Atravessarei a janela da sala com os pés bem fincados no chão, por que longe é um horizonte pra contemplar. E quantas respostas eu irei obter ainda para sorrir e me livrar da solidão? Isso eu não sei...