O pássaro em mim
Lentamente surgem minhas asas...pena por pena
Menina sonhadora, vadiava nas ruas vazias
O vento me fez companhia
Muitas vezes foi furacão...ventania
Me empurrava pelos caminhos da fantasia
Quando as folhas caducas seguiam jornada
Na sinfonia chacoalhava pela Cidade , em noite de luar
Eu , levitava nos sonhos:
Subi barrancos de mãos dadas com a poesia
Do alta curtia a planície e os meandros do rio
O vi saltitar entre seixos-rolados, no esconde-esconde
Eu seguia viagem, dei asas ao pensamento
Seguia estrelas, como Ícaro,o espaço me abduzia
Sonhava a liberdade das palavras,estórias encantadas
Das crônicas pertinentes com meus ideais
No vôo livre, que nem pássaro, atravesso a vida sem medo
Sigo com segurança minha consciência, meu segredo
Conquisto meu livre arbítrio, para semear
Certamente colherei o que plantei
Já tenho no tempo os amigos que ficam ao meu lado
Outros voam em novas estações
De quando em vez retornam nas asas dos pássaros
No meu quintal cantam e seguem
Revoam nas borboletas coloridas que beijam a jardineira
Outros fazem vôo rasante nas grades, ouço o farfalhar das penas
Hoje vivo na redoma , na gaiola de cimento armado
E eu pássaro de arribação me detenho à prisão
Espero a noite, depois do tumulto do dia, ensaio a morte
Me liberto nos sonhos vejo a beleza do Universo
Resta-me o invisível,matéria quintessensiada
E aí só os olhos da alma percebem, entendem, vêem...
Encontro paz.