UM MINUTO DE SILÊNCIO
Acordo, penso que sou anjo
Ainda vejo, posso ver...
Estrondo de bombas ecoam
Ainda por todo meu ser
Um amigo me chama
Ele parece uma luz
Éter, visão, não sei explicar
Toco meu corpo todo
Está tudo no lugar
Posso respirar...andar
Agradeço por estar bem
Sobrevivente de exagerada brutalidade
Da violência que assola
Em vãos holocaustos
Para aplacar a ira dos deuses
Usam altares da atualidade
Onde escorrem sangue de inocentes
Aos olhos da humanidade
Lavando com sangue suas mãos
Acreditam quitar débitos de tempos idos
Tempo perdido, pois acumulam mais e mais
O irmão que fala comigo, chora
Ele não pode mais o corpo tocar
Pois este jaz sob escombros
Tento consolar, ele pede oração
Não por ele, pelos demais
Ele ainda consegue chamar de irmãos
Paz ao que se esqueceram do coração
Um minuto de silêncio
Para que possam se prostrar
No altar de suas próprias consciências
DIANA LIMA, SANTO ANDRÉ/SP, 21/07/2005