NOITE DE VIGÍLIA
Numa rua escura e também deserta
De uma janela semi-aberta um choro senil,
De uma mãe aflita numa espera incerta
E no silêncio da noite só da coruja o pio.
Na espera do filho que saíra à noite
Que fora á procura de uma aventura,
Enquanto lá fora o vento é um açoite,
Do lado de dentro uma mãe murmura.
E nesse murmúrio fica tão concentrada
No incerto retorno desse filho que ama,
Que mesmo com sono permanece acordada
E o coração apertado queima como uma chama.
E os pensamentos que vêm-lhe a mente
São os que mais lhe dão preocupação,
Ao lembrar desse filho quase um adolescente
Que de tão imaturo anda sem direção.
E longa é a noite nessa espera,
Com o estigma que tudo é violência,
Onde o homem às vezes torna-se fera,
Esquecendo os princípios da convivência.
E aos primeiros raios a clarear o dia
Eis o momento que o filho aparece,
E lhe beija a face ... uma face tão fria
E somente agora... é que a mãe adormece.