Últimos segundos
Engraçado toque humano que as coisas têm
Quando não olhamos para elas querendo-as
E vivê-las permanece sempre com o afago brilho cintilante
Dessas vezes em que o ano passa assim instigante
Ruidosamente rápido e sem limites
Quando acordamos sem querer já é o final
Do tempo do pouco tempo que sentimos
Poderá ser, no entanto que ocorra um grito fatal;
Em que todos passem a olhar para o modo como agimos
Fazendo com que cada dia seja intensamente sem gosto
Aí quando estão todos com suas taças lindas na mão
Não sei bem o que quero naquele instante
Em que os corpos em torpor e as mentes em calor
Querem ser melhores do que apareceriam constantes
Esquecendo das coisas que já se passaram
E assim de repente alguém sorri de passagem
Para lembrarmos que nada importa mais além
Daqueles dez últimos segundos de suspiro
De choro contigo, de alívio, de vazio;
Agradecendo por ter sobrevivido mais um ano
Para acordar no dia seguinte e novamente lembrar
Que ainda faltam mais 365 dias para o ano acabar.