Nirvana.
Não sentir mais dor.
Ultrapassar o sentimento de dor.
Não chorar mais.
Apenas viver e viver.
Viver a paz na mais completa paz.
Receber do Criador o dom de nada mais sentir.
Não sentir ódio, nem mágoa.
E acima de tudo não chorar mais.
Apenas viver e viver.
Viver a paz na mais completa paz.
Escutar o canto dos anjos.
E se silenciar diante dos barulhos do mundo.
Nada mais ouvir além do chamado divino da natureza celestial.
Ultrapassar a própria mente.
Buscar dentro e fora de si apenas o sossego da paz.
Paz... somente paz... paz e paz.
E jamais ter medo de morrer.
Deixa a morte vir.
Pois não é a morte que leva a vida.
É a vida que deixa a morte chegar.
Então, me deixe sonhar com esse estado de espírito.
Me deixe voar pelas terras da tranquilidade e da paz.
Me deixe alcançar o sonho do Nirvana.
Estar aqui sem na verdade não estar.
E das correntes mundanas me libertar.
Me libertar do estigma de classe.
Me libertar do estigma da cor.
Me libertar da dor da carne.
E me libertar até dos desejos mais sacanas e profanos.
Simplesmente partir.
Partir sem ao menos jamais ter ido.
Chegar sem jamais ter partido.
Pois que venha a minha libertação.
Que venha o meu Nirvana.
Pois, que eu cansei de bater a cabeça nas pedras do mundo.
E eu quero ser mais que um homem ou um ser social.
Quero ser um ser espiritualizado.
Quero me entregar a bondade do Criador.
Quero caminhar sem jamais sair do lugar.
Paz... paz e mais paz...
Num lugar que me apraz...
Pois, que eu quero a paz não apenas em meu coração, mas também e principalmente em minha alma.
Não quero mais buscar a calma: eu quero viver na calma.
Chega de morder e arrancar a própria carne.
Chega de me consumir em lágrimas.
Chega de beber do meu próprio sangue.
Agora eu só desejo a paz.
E que venha a libertação.
Quero atingir o Nirvana.
Quero atingir o Nirvana.
Lá, aqui ou em qualquer lugar... ultrapassar minha existência mundana.
Chega de sentir.
Nada mais de rancor nem de dor.
Pois que o sopro divino dessa téia me libertará.
E o homem pequeno da classe baixa...
O poeta mal amado.
O poeta nunca reconhecido.
O poeta nunca ao menos conhecido...
O poeta da dor vai morrer.
Vai-se o homem.
Vai-se o poeta.
E fica apenas a luz.
Pois, que a luz que mora dentro de mim um dia vai se libertar.
Minhas carnes serão devoradas.
Minha alma virará pó de estrela.
E aí eu serei apenas luz e aí eu nunca mais vou sentir dor.
E eu nunca mais sentirei nada, nada além de paz, sossego e tranquilidade.