A violência
Os mortos esquecidos no cemitério
São os mesmos despercebidos nas ruas
Que parecem estar no outro hemisfério
Das nossas florestas nuas.
São florestas de pessoas, que são desmatadas.
São pessoas que morrem esquecidas.
São florestas de mortos-vivos amparadas
Pelo descaso dos vivos, por estes empobrecidas.
A dor que não é sentida pelos vivos da morte esquecida
Eu sinto languidamente a dor deles não sentida.
Sou o poeta das coisas esquecidas.
Eu sinto a dor que eles deixaram falecidas
Sem ter nascido no seu peito a vida,
Restando a morte esquecida.