Eu Pequenino
Meus braços são pequeninos
Parecem ser feitos de papel
Neles tenho uma força razoável
Que por vezes desconheço sem percebê-los
Meu corpo é pequenino
Como de quem ainda cresce nessa vida
Na fase das complicações de ser gente grande
Como quando muitos já passaram e verão outros passar
Minha estatura duvidosa de um pequeno adulto
Faz de mim obra geniosa da natureza
Como faz de mim gracioso e curioso em meu estado
Que por muito se confundem a outros principiantes
Meus dedos curtos que sempre se expressam em palavras
Traçados por linhas da vida nas palmas das mãos
Que desenham meus pensamentos em rabiscos soltos
Como recria a imagem de outra criatura divina
Meus olhos cerrados puxados a ponta para cima
Como os olhos dos bichos pequeninos que imitam
De um brilho fosco ofuscante ao espelho
Refletidos todas as manhãs ao despertar
Meu sorriso breve de dentes infantis
Que conquisto meu próprio ego ainda que tortos hoje
E que amanhã estará em conformidade com os olhos
Desde já marejados as lágrimas
Meu coração que penso ser pequenino como meu corpo
Espaçoso como minha própria imaginação
Pouco paciente para razões da vida
Nada exigente aos próximos em verdade
E ainda que eu seja visto como o pequenino
Me sinto grandioso com tudo que tenho em menor tamanho
Pois aos olhares de quaisquer serei surpresa
Com tudo que vem neste pequeno espaço de minha vida
Sendo assim vivo em alegria de felicidade
Quando tudo a mim não me vem de dores
E então não me incomodo com meu tamanho de ser quem sou
Pois assim fui criado na proporção certa da perfeição divina.