Sabiá
Sabiá
Ela mora lá, no Recanto dos Sabiás,
Onde havia palmeiras, arvoredos, matas e capins.
Hoje cantam apenas os pássaros coloridos dos palmeirais,
A quem o conhecemos extraordinários e vultuosos bem-te-vis.
Encontra-se ali, tão meiga, tão doce e querida;
Tem imagem de fera, coração de festim;
Imaginas a ternura que paira ali.
È obra de Deus, encontrá-la próximo a mim.
O progresso impediu o encantado pássaro por lá;
Há canto e encantos em junho, julho a cantar.
Alguns confundem o bumba-meu boi com boi bumbá;
O que tem mesmo por lá, é a voz, a ternura que não encontro eu cá;
Quando muito, numa infinita noite, longe e distante de lá,
Ouço o som de um cantar, sonolento dou-me conta eu cá.
A voz tão afinada deseja ficar,
E penso logo: acredito ser ela, tentando imitar o canto do sabiá.
Raimundo Meireles