TRANSE
Faço reflexão de cara oca
Vazio como casca d’ostra…
Despojado disto e aquilo…
Descuidado como um distraído
Sento-me em cima da mente.
Peço desculpa ao cérebro amarrotado
Pensativamente pisado
Salvo que não seja sempre?
Não sei…
Hoje não estou nos meus dias.
Falta-me qualquer coisa…
Outra coisa doutra coisa
Que dê sentido à razão,
Uma palpação para o comportamento
Um lugar para o amor
Uma viajem mudando de paisagem
/E de beleza irmãmente estética/
A modificação do conhecido
A sofisticação do aborrecido
Não sei…
Hoje não estou nos meus dias.
É daqueles dias… outro mais que outros,
Daqueles que a solidão aperta!
Que por serem repentinos
Nem por isso deixam de ser um só!
Solitários somente sós…
/Sozinha minha alma/
Situação de passagem
Numa indiferença da companhia,
Passam invisíveis à minha graça
E não sou eu que vejo, ou eles que vêem?
Tudo passa porque há desinteresse!
Há marasmo dos instantes
Uma apatia dos momentos.
Não sei…
Hoje não estou nos meus dias.
Pareço a léguas dos sonhos
Pesados como nuvens de chumbo
Nublados como visões cegas…
Absorto, absorvo o estorvo do sentir
Qualquer coisa que não sinto parecida,
Falta-me essa coisa que não consigo!
Outra coisa doutra coisa…
Não ser nada, nem a imagem da sombra,
Até a morte hoje encolhida… não morre!
Não sei…
Hoje não estou nos meus dias.
...
O melhor é exir isento
Sair do interior assim…
Acordar fora cá dentro
O despertar em mim.